5o. Dia – Quarta-feira, 6 de setembro de 2006
Crédito: Herbert Pardini
Eucaliptos, eucaliptos, eucaliptos ......
Após uma boa noite de descanso em Caeté, retornamos logo cedo ao ponto onde, no dia anterior, foram completados os primeiros 100km da expedição.
A caminhada do dia teve início às 8h50 em meio a uma forte neblina que mal nos permitia observar 20 metros à frente.
O percurso definido para o dia de hoje era em grande parte desconhecido pela equipe. Apesar de já termos percorrido alguns trechos tanto a pé, quanto de carro, havia pontos que precisariam ser ligados. O solo molhado, as folhas úmidas e os galhos caídos entre os eucaliptos fizeram da primeira metade da manhã um desafio à parte: nos mantermos em pé enquanto descíamos a crista até chegar à altura em que a mesma cruzava a estrada de terra que segue para a Mina de Gongo Soco.
Obstáculos vencidos, seguimos pela crista em uma estrada pouco utilizada, que acompanhou a cerca divisória de propriedades até uma imagem desoladora.
Imagine matas bem conservadas com dossel alcançando cerca de 25 metros de altura, repletas de orquídeas e bromélias, cobrindo o mar de morros da região. Imagine que esta mesma mata era uma única formação que vinha desde o oceano atlântico, ligando o RN ao RS, e penetrava o interior até a vertente leste do Espinhaço.
Infelizmente, a paisagem vista agora, era completamente diferente. Escondida entre vertentes cobertas por eucaliptais, depósitos de escória e rejeitos de mineração, árvores cortadas, muitas árvores cortadas entre eucaliptos, matas ciliares fazendo fila ao lado de montes de eucaliptos prontos para serem transformados em carvão, nascentes preenchidas com brita.
Difícil aceitar este tipo de visão e acreditar que tudo aquilo era legal ou possuía autorização para ser feito. Difícil aceitar que temos encontrado tanta dificuldade para realizar um trabalho de pesquisa científica enquanto é autorizada a destruição da mata atlântica, que hoje se restringe a apenas 7% da cobertura original.
Hoje registramos as temperaturas mais baixas da Expedição. Às 13h30 o termômetro registrava 12ºC. A neblina dificultou um pouco a navegação. A orientação carta / terreno ficou impossibilitada, sendo necessário utilizarmos bússola e referências anteriores para conseguirmos encontrar o caminho que nos levaria até a estrada de acesso às cidades de Caeté e Barão de Cocais.
A paisagem formada pelos aceiros que dividiam propriedades rurais e eucaliptais, somada à forte neblina e a homens que caminhavam com suas mochilas e agasalhos como armaduras, remetiam a um cenário medieval, de magia e encantamento.
Conseguimos alcançar o objetivo do dia às 15h. Diante da possibilidade de adiantar nossa programação de caminhadas, resolvemos seguir até a altura do Complexo Ecoturístico Canela de Ema, local de pernoite e ponto de partida para a travessia que nos levará à BR-381. Caminhamos 26km e decidimos parar no dia seguinte.
Equipe da caminhada: Herbert Pardini, Marcelo Andrê, Marcelo Vasconcelos, Bruno Costa e Silva
Apoio: Ruslan Fernandes
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