Névoa, sol, prosa, música e adversidades no caminho
Textos: Paulo Fiote
Dia 7 de setembro
Reencontrei a expedição no final da tarde de ontem. Fazia muito frio e uma névoa encobria os planos mais distantes da mata. Imagino o quanto a caminhada deve ter sido cautelosa. No meio da neblina as referências somem e a navegação tem que ser conferida constantemente pelo GPS ou bússola, principalmente pelo fato desse trecho não ter sido levantado anteriormente.
Mas, estamos todos reunidos no Canela de Ema e depois de um bom papo e uma farta macarronada, a noite foi tranqüila. Hoje é dia de descanso, um prêmio pelo adiantamento de ontem. Recebemos visitas de Belo Horizonte e recolocamos os equipamentos em dia. Muita música nos arquivos do Andrê e uma atmosfera cinzenta enevoada durante quase todo o dia.
Fizemos pequenas caminhadas ao redor da casa principal e fizemos algumas fotos da Serra que está ao fundo. A trilha segue por lá amanhã. Aproveitei para fazer alguns estudos de paisagem através da neblina, revelando tonalidades de cinza, mais claro ao fundo, no meio da névoa e mais forte, esverdeando e definindo detalhes à medida que ficavam mais próximas do ponto onde eu estava. Vi algumas fotos do Andrê que traduzem bem essa observação. Esse aspecto é uma característica marcante nessa região do Espinhaço, onde ainda é comum a ocorrência de matas.
Dia 8 de setembro
Saímos cedo, animados pela melhora do tempo. Com poucos minutos de caminhada começamos a subida da Serra. O caminho é bem marcado e logo chegamos a um platô com uma enorme quantidade de canelas de ema com aproximadamente 2 metros de altura. Algumas possuíam ninhos de Garrancheiros no topo, entre as folhas. Outras traziam orquídeas e bromélias presas ao caule. Fizemos várias fotos. A altitude variava em torno dos 1,4 mil metros e à medida que caminhávamos nos aproximávamos de um monte chamado de “Caracinha”. Nessa parte da crista tínhamos uma vista constante da Serra da Piedade a oeste.
Ao Sul, podíamos definir bem o caminho por onde a Expedição passou nos dias anteriores, desole a Serra de Capanema até Gandarela e os trechos de reflorestamento. É uma sensação indescritível quando você vê a dimensão do que foi caminhado. Chegamos à região de Antônio dos Santos onde faríamos o pernoite num pequeno sítio. Aqui vale um pouco de história que também é vivida com pessoas, moradores das regiões por onde passamos, que se prestam ao apoio à Expedição. Ali naquele sítio a conversa foi boa na mesa do jantar (esse nem se fala o quanta estava bom!). O Vasconcelos, sujeito bom de prosa – mateiro, contava história, Sr. Otávio e Dona Diva contavam histórias, de onça, de cobra, de tudo quanto é coisa que o mato dá pra vida. Ficaram maravilhados com as flores cada Serra, dali, tão pertinho que até dá pra sentir o perfume. Mas esse ganho que a caminhada traz não tem jeito de dizer: tem que viver.
Comecei a pensar num projeto para a publicação das imagens. Ao mesmo tempo que cantarolava minhas músicas preferidas, ia desenvolvendo as páginas com as paisagens, flores, bichos e gente do Espinhaço.
Dia 10 de setembro
Hoje saímos cedo do pouso na Capela de Nossa Sra. De Fátima, junto à Br 381. Foi uma noite agradável mas um pouco fria. Pela manhã, fizemos algumas fotos do nascer do sol. Tomamos café lá no Seu Murilo e ganhamos estrada. Bruno, Andrê e Herbert foram caminhando. Vasconcelos e eu fomos com Ruslan na Toyota, até um ponto intermediário onde encontraríamos com a equipe novamente. Daí fomos fazer uma pequena excursão por um trecho da crista que já começa a ganhar as proximidades do grande traçado do Cipó. Subimos por quase duas horas e paramos num alto onde encontramos uma pequena velósia (canela de ema) florida. Limpei um pouco o entorno e me instalei para desenhar. O sol estava forte e minhas roupas não ajudavam. Duas calças de fleece, tecido apropriado para baixas temperaturas, me derretiam com aquele sol.
Paciência! O ilustrador montanhista tem que estar disposto a enfrentar todo tipo de adversidade e, claro, carrapatos.
Dia 7 de setembro
Reencontrei a expedição no final da tarde de ontem. Fazia muito frio e uma névoa encobria os planos mais distantes da mata. Imagino o quanto a caminhada deve ter sido cautelosa. No meio da neblina as referências somem e a navegação tem que ser conferida constantemente pelo GPS ou bússola, principalmente pelo fato desse trecho não ter sido levantado anteriormente.
Mas, estamos todos reunidos no Canela de Ema e depois de um bom papo e uma farta macarronada, a noite foi tranqüila. Hoje é dia de descanso, um prêmio pelo adiantamento de ontem. Recebemos visitas de Belo Horizonte e recolocamos os equipamentos em dia. Muita música nos arquivos do Andrê e uma atmosfera cinzenta enevoada durante quase todo o dia.
Fizemos pequenas caminhadas ao redor da casa principal e fizemos algumas fotos da Serra que está ao fundo. A trilha segue por lá amanhã. Aproveitei para fazer alguns estudos de paisagem através da neblina, revelando tonalidades de cinza, mais claro ao fundo, no meio da névoa e mais forte, esverdeando e definindo detalhes à medida que ficavam mais próximas do ponto onde eu estava. Vi algumas fotos do Andrê que traduzem bem essa observação. Esse aspecto é uma característica marcante nessa região do Espinhaço, onde ainda é comum a ocorrência de matas.
Dia 8 de setembro
Saímos cedo, animados pela melhora do tempo. Com poucos minutos de caminhada começamos a subida da Serra. O caminho é bem marcado e logo chegamos a um platô com uma enorme quantidade de canelas de ema com aproximadamente 2 metros de altura. Algumas possuíam ninhos de Garrancheiros no topo, entre as folhas. Outras traziam orquídeas e bromélias presas ao caule. Fizemos várias fotos. A altitude variava em torno dos 1,4 mil metros e à medida que caminhávamos nos aproximávamos de um monte chamado de “Caracinha”. Nessa parte da crista tínhamos uma vista constante da Serra da Piedade a oeste.
Ao Sul, podíamos definir bem o caminho por onde a Expedição passou nos dias anteriores, desole a Serra de Capanema até Gandarela e os trechos de reflorestamento. É uma sensação indescritível quando você vê a dimensão do que foi caminhado. Chegamos à região de Antônio dos Santos onde faríamos o pernoite num pequeno sítio. Aqui vale um pouco de história que também é vivida com pessoas, moradores das regiões por onde passamos, que se prestam ao apoio à Expedição. Ali naquele sítio a conversa foi boa na mesa do jantar (esse nem se fala o quanta estava bom!). O Vasconcelos, sujeito bom de prosa – mateiro, contava história, Sr. Otávio e Dona Diva contavam histórias, de onça, de cobra, de tudo quanto é coisa que o mato dá pra vida. Ficaram maravilhados com as flores cada Serra, dali, tão pertinho que até dá pra sentir o perfume. Mas esse ganho que a caminhada traz não tem jeito de dizer: tem que viver.
Comecei a pensar num projeto para a publicação das imagens. Ao mesmo tempo que cantarolava minhas músicas preferidas, ia desenvolvendo as páginas com as paisagens, flores, bichos e gente do Espinhaço.
Dia 10 de setembro
Hoje saímos cedo do pouso na Capela de Nossa Sra. De Fátima, junto à Br 381. Foi uma noite agradável mas um pouco fria. Pela manhã, fizemos algumas fotos do nascer do sol. Tomamos café lá no Seu Murilo e ganhamos estrada. Bruno, Andrê e Herbert foram caminhando. Vasconcelos e eu fomos com Ruslan na Toyota, até um ponto intermediário onde encontraríamos com a equipe novamente. Daí fomos fazer uma pequena excursão por um trecho da crista que já começa a ganhar as proximidades do grande traçado do Cipó. Subimos por quase duas horas e paramos num alto onde encontramos uma pequena velósia (canela de ema) florida. Limpei um pouco o entorno e me instalei para desenhar. O sol estava forte e minhas roupas não ajudavam. Duas calças de fleece, tecido apropriado para baixas temperaturas, me derretiam com aquele sol.
Paciência! O ilustrador montanhista tem que estar disposto a enfrentar todo tipo de adversidade e, claro, carrapatos.
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