10º Dia - Segunda-feira, 11 de setembro de 2006
Diário da Expedição Desafio do Espinhaço
Crédito: Herbert Pardini
Início da Caminhada sem Apoio
Mais um dia ou menos um dia de caminhada? Nosso pernoite aconteceu na Fazenda Germana, produtora da cachaça de mesmo nome, localizada bem próxima à base da Serra. De lá foi possível avistar a Serra do Boi, onde no dia anterior não conseguimos descer e a Serra da Baleia, local onde, após atravessarmos a estrada, seguiríamos em nossa travessia.
Apesar de não termos conseguido vencer a parede de 8 metros que nos separava da área de pastagem onde facilmente atingiríamos o local em que o apoio nos aguardava, eu e Marcelo Andrê fizemos questão de retornar ao local chegando pelo sentido contrário. Marcaríamos um ponto no GPS bem embaixo do local em que não conseguimos descer. E foi isso que fizemos.
Voltamos ao ponto em que não descemos no dia anterior, faltavam mesmo cerca de 8 metros, mas que seriam vencidos apenas com o uso de técnicas verticais como o rapel. Faltou muito pouco, mas a decisão de não arriscar uma descida “suicida” foi mais que acertada.
Registrado o ponto, seguimos pela crista. A subida da Serra da Baleia se deu por uma estrada em meio à mata que começava logo após o mata burro da estrada entre Nova União e Bom Jesus do Amparo. Em seguida, acompanhamos a cerca de arame que nos levou rapidamente ao alto da Serra e daí em diante foi só seguir os trieiros do gado que pasta por aqueles altos. Gado este que pode ser considerado alpinista, pois chega a lugares que até mesmo a pé se torna muito arriscado.
Muito interessante a paisagem vista deste ponto. A vertente leste coberta por uma expressiva mata com dossel próximo dos 20 metros de altura e na vertente oeste as áreas bastante modificadas pela paisagem e culturas agrícolas. No alto o típico campo rupestre começava a dar o ar da graça, anunciando o que seria visto a partir deste ponto até a Serra do Cipó. Deste ponto era possível avistar parte da caminhada dos dias anteriores em meio às nuvens enfumaçadas que marcavam o horizonte ao sul.
Às 12h30 conforme combinado eu e Andrê chegamos ao ponto de contato com nosso apoio. Este seria o último encontro com nossos amigos até o dia 13, quando chegaríamos à MG-010. Feito um lanche rápido, trocamos as mochilas de ataque pelas cargueiras (pesando em média 25 quilos) e partimos.
A partir deste momento seria apenas Andrê e eu. O caminho não era desconhecido, já havíamos passado por ali no ano anterior. Mas seriam 3 dias de completa autonomia. Diferente do acontecimento do dia anterior em que fomos obrigados a voltar, agora nossa missão era ir sempre em frente, ajudando um ao outro, tendo nas mochilas equipamentos e alimentação que nos garantiriam as melhores condições para atravessar os extensos campos altos do parque Nacional da Serra do Cipó.
O começo da caminhada foi lento, afinal as mochilas estavam pesadas e os desníveis eram acentuados. Passo a passo ganhamos altura e chegamos ao local onde passaríamos a noite. Próximo às nascentes do Ribeirão das Garças, encontramos um bom local para montar acampamento. Depois de um banho frio de panela era hora de preparar o jantar. O céu e suas milhares de estrelas indicavam como seria o dia seguinte – limpo e muito quente.
Caminhamos 17km neste dia. Estamos felizes de estar de volta à natureza. A sensação de autonomia e contato direto com essas serras é indescritível. Amanhã entraremos nos limites do Parque Nacional autorizados pela chefia da unidade. Passaremos por locais não abertos ao público.
Texto: Herbert Pardini
Equipe da caminhada: Herbert Pardini e Marcelo Andrê
Crédito: Herbert Pardini
Início da Caminhada sem Apoio
Mais um dia ou menos um dia de caminhada? Nosso pernoite aconteceu na Fazenda Germana, produtora da cachaça de mesmo nome, localizada bem próxima à base da Serra. De lá foi possível avistar a Serra do Boi, onde no dia anterior não conseguimos descer e a Serra da Baleia, local onde, após atravessarmos a estrada, seguiríamos em nossa travessia.
Apesar de não termos conseguido vencer a parede de 8 metros que nos separava da área de pastagem onde facilmente atingiríamos o local em que o apoio nos aguardava, eu e Marcelo Andrê fizemos questão de retornar ao local chegando pelo sentido contrário. Marcaríamos um ponto no GPS bem embaixo do local em que não conseguimos descer. E foi isso que fizemos.
Voltamos ao ponto em que não descemos no dia anterior, faltavam mesmo cerca de 8 metros, mas que seriam vencidos apenas com o uso de técnicas verticais como o rapel. Faltou muito pouco, mas a decisão de não arriscar uma descida “suicida” foi mais que acertada.
Registrado o ponto, seguimos pela crista. A subida da Serra da Baleia se deu por uma estrada em meio à mata que começava logo após o mata burro da estrada entre Nova União e Bom Jesus do Amparo. Em seguida, acompanhamos a cerca de arame que nos levou rapidamente ao alto da Serra e daí em diante foi só seguir os trieiros do gado que pasta por aqueles altos. Gado este que pode ser considerado alpinista, pois chega a lugares que até mesmo a pé se torna muito arriscado.
Muito interessante a paisagem vista deste ponto. A vertente leste coberta por uma expressiva mata com dossel próximo dos 20 metros de altura e na vertente oeste as áreas bastante modificadas pela paisagem e culturas agrícolas. No alto o típico campo rupestre começava a dar o ar da graça, anunciando o que seria visto a partir deste ponto até a Serra do Cipó. Deste ponto era possível avistar parte da caminhada dos dias anteriores em meio às nuvens enfumaçadas que marcavam o horizonte ao sul.
Às 12h30 conforme combinado eu e Andrê chegamos ao ponto de contato com nosso apoio. Este seria o último encontro com nossos amigos até o dia 13, quando chegaríamos à MG-010. Feito um lanche rápido, trocamos as mochilas de ataque pelas cargueiras (pesando em média 25 quilos) e partimos.
A partir deste momento seria apenas Andrê e eu. O caminho não era desconhecido, já havíamos passado por ali no ano anterior. Mas seriam 3 dias de completa autonomia. Diferente do acontecimento do dia anterior em que fomos obrigados a voltar, agora nossa missão era ir sempre em frente, ajudando um ao outro, tendo nas mochilas equipamentos e alimentação que nos garantiriam as melhores condições para atravessar os extensos campos altos do parque Nacional da Serra do Cipó.
O começo da caminhada foi lento, afinal as mochilas estavam pesadas e os desníveis eram acentuados. Passo a passo ganhamos altura e chegamos ao local onde passaríamos a noite. Próximo às nascentes do Ribeirão das Garças, encontramos um bom local para montar acampamento. Depois de um banho frio de panela era hora de preparar o jantar. O céu e suas milhares de estrelas indicavam como seria o dia seguinte – limpo e muito quente.
Caminhamos 17km neste dia. Estamos felizes de estar de volta à natureza. A sensação de autonomia e contato direto com essas serras é indescritível. Amanhã entraremos nos limites do Parque Nacional autorizados pela chefia da unidade. Passaremos por locais não abertos ao público.
Texto: Herbert Pardini
Equipe da caminhada: Herbert Pardini e Marcelo Andrê
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